11/07/2016

TRANSCENDENDO



 Há alguns dias li em um blog (que não lembro qual, desculpem... minha memória é péssima para algumas coisas) sobre um desafio de 40 dias de meditação com mantras e gostei bastante da ideia. O desafio consiste em meditar durante 40 dias seguidos, recitando 108 vezes por meditação um mantra de sua escolha. Além de te ajudar a focar e se concentrar durante a meditação, a repetição do mantra te ajuda a vibrar nas faixas relacionadas ao mantra que escolheu e, foi justamente isso o que mais me interessou. Já medito há um tempo considerável, mas sem a devida frequência, e estou em um momento de busca por uma conexão maior comigo mesma, com minha própria essência, então, decidi substituir os mantras por afirmações que estejam alinhadas a essa minha atual busca.
Diariamente, acordo, faço um alongamento rápido, sento e faço esta meditação durante aproximadamente 25 minutos. A experiência tem sido bastante interessante e proveitosa. Costumo terminar as sessões de meditação com questionamentos, algumas respostas (que levam a novas perguntas, claro =P ) e diversas discussões internas a respeito de questões particulares que venho analisando, mas tudo isso de maneira muito tranquila, calma e clara.

Como algumas pessoas tem me perguntado sobre esta rotina de meditação, tentarei explicar um pouco melhor para quem quiser colocar em prática também =]
Vou escrever, assim, meio receita de bolo para facilitar a organização das informações, certo?

1.      A ESCOLHA DA AFIRMAÇÃO OU MANTRA

Em primeiro lugar, defina uma afirmação que corresponda ao seu atual momento, à sua busca pessoal. Sugiro uma afirmação mais aberta, que não imponha limites de datas ou algo do tipo. Se preferir, escolha um mantra, mas busque saber o que ele significa e qual a pronuncia correta (isso é muito importante!).

2.      ESCOLHA UM LOCAL PARA MEDITAR

Tendo escolhido sua afirmação ou mantra, escolha um lugar para meditar. É legal escolher um local tranquilo, onde se sinta bem e possa meditar sem ser interrompido. Lembre-se que você vai ficar sentado por um tempo considerável, então é bom estar confortável, mas não tão confortável que você possa dormir. Você pode se sentar em uma cadeira, em uma almofada, tudo depende do que é confortável para você. Eu costumo sentar na grama mesmo ou em uma esteira ou canga no chão e está tudo bem, mas sei de pessoas que consideram isso muito incômodo, então... Não existe uma regra, faça como for melhor para você.

3.      PREPARE-SE PARA A MEDITAÇÃO

Antes de começar, é legal dar uma alongada no corpo. Pode ser um alongamento rápido e simples, uma bela espreguiçada ou uma sessão de yoga (mais uma vez, vai do que você considera melhor para você =P ). Depois do alongamento, sente-se, procure soltar os ombros, pescoço, relaxe os músculos faciais (atenção especial para aquele lugarzinho entre as sobrancelhas, está sempre tensionado), inspire profundamente, expire lentamente algumas vezes e vá se acalmando.

4.      MEDITE

Fique em silêncio, apenas respirando, por alguns minutos. Neste momento é possível que comecem a surgir pensamentos dos mais variados. Tudo bem, é normal, você dificilmente vai parar de pensar. O negócio é não se apegar a esses pensamentos, deixe que venham e passem por você sem que se apegue a eles. Você já está meditando, e se quiser, pode ficar por aqui mesmo e prolongar esta etapa por quanto tempo desejar, mas como o post é sobre a meditação com afirmações ou mantras, vamos continuar o texto... haha

Agora, comece a entoar os mantras ou repetir as afirmações. A ideia aqui é que estes mantras e afirmações sejam repetidos 108 vezes.
Caso esteja se perguntando “por que 108 vezes?”, 108 é considerado um número sagrado por diversas razões matemáticas e metafísicas. Acredita-se que ao se completar o circuito de 108 repetições da oração, mentalização ou mantra, alcança-se um estágio superior na consciência chamado de transcendental, onde conseguimos ultrapassar as fixações da mente e modificar discretamente o ponto de aglutinação da nossa consciência, o que nos faria “enxergar” emanações que não enxergamos em nosso estado de consciência “natural” (ou talvez o que fomos ensinados a estar, mas enfim...).
Para tornar mais fácil a contagem desses mantras/afirmações, costumam usar um japamala, um cordão com 108 contas ou múltiplos deste número e uma a mais (meru) acompanhada de uma franja que marca o começo e o fim do ciclo de 108 contas/mantras/respirações. Você não é obrigado a usar um japamala para fazer este tipo de meditação, pode encontrar seus próprios meios de contagem, mas devo dizer que o cordão ajuda muito a manter o foco e a concentração em vez de ficar se perdendo em números. Você pode fazer seu próprio japamala ou comprar um (você encontra em lojas de artigos para yoga ou budismo, pode encomendar comigo também se quiser, em A Casa da Velha Garça  hahaha).









Bom... É isso.
Se você fez tudo isso, agora só faltam mais 39 dias... hahaha

Se surgirem dúvidas, novas descobertas, vontade de conversar... Manda mensagem! =D

Todas as fotos foram tiradas por mim. Não use sem autorização ;] 

25/04/2016

PARA TUDO SER

Viver em São Paulo tem diversas vantagens, mas o ritmo da cidade é meio enlouquecedor. Sempre tenho a impressão de que aqui tem tanta gente, tanta coisa acontecendo, tantos pensamentos e sentimentos diferentes que chega uma hora em que começamos a ser arrastados e espremidos pela energia disso tudo. É nessa hora que costumo fugir para o meio do mato para fazer uma limpeza energética e recarregar as baterias. Em meio à natureza as coisas são muito mais leves, já repararam? É como se fôssemos maiores, mais amplos, sem barreiras... Mal dá para sentir onde termina o “eu” e começa “os outros”, uma das melhores sensações do mundo: sentir-se parte do todo! =D 

Por incrível que pareça, é possível ter esses momentos de limpeza e conexão sem sair da cidade. Durante o feriado visitei o Jardim Botânico de São Paulo, um dos meus lugares favoritos na cidade! O Jardim Botânico é refúgio de diversas espécies de plantas nativas e exóticas e animais, como bugios, garças e preguiças, que vivem soltos. É um lugar bastante tranquilo, ótimo para caminhar em meio a vegetação, lagartear ao sol, deitar no gramado ou observar o lago das ninfeias no fim da tarde. 

Uma das melhores coisas a se fazer no Jardim Botânico (na minha opinião, claro =P ) é percorrer a pequena trilha da Nascente do Riacho do Ipiranga. A caminhada é feita em uma passarela de madeira suspensa para diminuir o impacto na mata e é possível avistar diversas aves, insetos e pequenos mamíferos. É muito legal notar que, ao entrar na trilha, os ruídos externos se tornam muito distantes, quase inaudíveis; a temperatura e umidade mudam sensivelmente e logo você se desconecta totalmente da vida cotidiana. Percorrer a trilha em silêncio é um convite a novas percepções. Odores distintos chegam ao olfato, os raios do sol, filtrados pelas copas das árvores, dançam sobre a pele que se delicia com a umidade do ambiente. Podemos ouvir o canto dos pássaros, o farfalhar das folhas, os bugios se comunicando, pequenos animais se locomovendo no meio da vegetação, galhos, folhas e frutos caindo, quebrando e estalando, o vento soprando, o ar passando pelas narinas, o coração batendo, a mente esvaziando e, então, podemos ouvir a nós mesmos, podemos ouvir tudo o que tentamos nos dizer diariamente e não conseguimos escutar... Entramos em um estado de escuta e respeito a tudo o que está fora e ao que está dentro e, então, não existe mais fora e dentro, as coisas só são. De repente, tudo é, e você pertence a si mesmo e ao mundo que o cerca.

Trilha da Nascente do Riacho do Ipiranga

Vegetação Trilha da Nascente do Riacho do Ipiranga
Teia na Trilha da Nascente do Riacho do Ipiranga
Lago das Ninféias
Libélula no Lago das Ninféias
Quero-quero Lago das Ninféias
Pôr do sol no Jardim Botânico de São Paulo


Para quem não conhece o Jardim Botânico de São Paulo e tem vontade de conhecer, acesse para maiores informações: http://jardimbotanico.sp.gov.br/

E se você já conhece (bem, se não conhece também) e quer trocar impressões, ideias ou qualquer coisa... estamos aí... haha Vamos entrar em contato! =D 

Todas as fotos foram tiradas por mim. Não use sem autorização ;]

26/01/2016

SERÁ QUE A FRUSTRAÇÃO É TÃO RUIM ASSIM?



Ultimamente tenho notado como grandes frustrações podem ser benéficas em nossas vidas... 

Recentemente viajei para São Thomé das Letras, cheia de expectativas de fazer trilhas, conhecer gente, curtir as cachoeiras, etc. Chegando lá, uma baita chuva! No caminho da rodoviária para a pousada a chuva aumentou mais ainda, nos perdemos, não achávamos a pousada e como resultado disso TODAS as minhas coisas molharam, menos a câmera (ufa!). Com o passar das horas, molhada, cansada, com frio e fome, o ânimo foi dando aquela murchada e pouco a pouco as expectativas foram sendo frustradas.

O dia amanheceu e não havia nenhum indício de melhora, continuava chovendo muito, fazia um baita frio, minhas roupas não secavam de jeito nenhum, a cidade parecia quase vazia, sem possibilidade de ir às cachoeiras... frustração total. Meu humor já estava péssimo, mas foi aí que a magia dessa situação começou a aparecer: Quando você precisa resolver coisas realmente importantes, importantes do tipo... coisas básicas que garantem sua sobrevivência, todo o resto some da sua mente. Ocorre uma limpeza automaticamente, e todas aquelas coisas que ficam só entulhando sua mente se vão. É algo realmente mágico. A ofensa que você sofreu no dia anterior e estava até agora remoendo não tem mais importância alguma. A pessoa por quem você está interessada, e não te dá a atenção que você gostaria, não existe mais. Os trabalhos a terminar, contratos a acertar, pessoas com as quais lidar, tristezas para chorar, as coisas que devia ter dito e não disse... Nada disso importa mais. Magicamente só o agora importa e naquele momento eu estava encharcada, com frio, fome, sono... E essas coisas sim precisavam ser resolvidas. Nenhuma outra.

Então, fui resolvendo cada uma dessas coisas... A primeira delas foi dormir. Tirei toda aquela roupa molhada, me enrolei num cobertor e dormi por algumas horas. Ao acordar, procurei por roupas que estivessem menos molhadas. Infelizmente, a grande maioria das minhas roupas continuava tão encharcada quanto antes, consegui salvar uma calça que estava meio úmida e uma camiseta quase seca, arranjei um secador de cabelo emprestado e sequei uma blusa de frio o melhor que pude, e isso não significa que ela ficou totalmente seca, mas ficou melhor do que antes. Vestida, parti em busca de algo para comer e, assim, resolver mais um dos problemas que tanto incomodavam. 

As coisas começavam a melhorar, já estava descansada, vestida e alimentada, só que ainda passava muito frio! Não fazia parte dos meus planos, mas acabei comprando uma blusa de lã, não tinha como continuar sem uma... Lá se foi meu dinheiro para ir até Sobradinho, mas naquele momento, ficar aquecida parecia muito mais importante do que conhecer um lugar novo. Agora sim, estava tudo bem. Um sentimento enorme de gratidão começou a brotar e, talvez pela primeira vez, dei o devido valor a essas coisas, tão necessárias à nossa sobrevivência e que geralmente passam de maneira despercebida por muitos de nós.
Outro grande ganho foi a sensação de liberdade e satisfação. Depois de todo o desconforto, suprir as necessidades básicas parecia o suficiente, sabe? Meu cabelo estava mais desgrenhado que nunca, mas e daí?? Eu estava alimentada! A combinação de roupas que estava usando não era das melhores, mas... e daí???? Eu estava quente, seca e isso era tudo o que importava. Eu estava feliz. Naquele momento, nada mais parecia fazer falta e não havia julgamento que me atingisse (nem meu, nem de ninguém), pois eu estava totalmente satisfeita.
O legal é que mesmo após resolver essas questões mais urgentes e práticas, a mente continuou limpa e toda essa amplitude me ajudou a ver coisas que eu não tinha visto antes, me proporcionou novos pontos de vista e novos entendimentos sobre situações anteriormente analisadas à exaustão.

Depois disso, a viagem correu ótima! Foi quase como um presente. Hahaha
Conheci pessoas legais, fui às cachoeiras, fiz trilhas, comi uma pizza maravilhosa e acredito que tudo pareceu melhor ainda depois do perrengue inicial. Talvez, eu não tivesse dado o devido valor a essas coisas todas, talvez não tivesse gostado tanto de cada palavra trocada, de cada sorriso, daquela blusa de lã de lhama fedorenta, mas tãããão quentinha que já é quase minha preferida...hahaha

São Thomé é linda demais!

Vista do Cruzeiro

Parque Municipal Antônio Rosa

Portal dos Ventos

Cachoeira Vale das Borboletas

Cachoeira Vale das Borboletas

Cachoeira Eubiose



 Só tenho a agradecer por toda a chuva que me tirou totalmente da minha zona de conforto e me apresentou uma nova maneira de ver, sentir e entender.


Todas as fotos foram tiradas por mim, exceto a única em que apareço, que foi tirada pela linda Aline Dayse.


01/01/2016

CHUVAS DE VERÃO


Essa época do ano é a que me traz a maior quantidade de lembranças da minha infância, as chuvas de verão estão ligadas a uma infinidade de histórias, aventuras, acidentes, incidentes... Sempre foi minha época do ano favorita e continua sendo até hoje.

Quando eu era criança, durante uma dessas chuvas de verão, uma senhora de idade bem avançada desceu para a área comum do condomínio, vestida de noiva, e começou a rodopiar na chuva. Disseram que era louca, mas lembro de ter achado aquela visão incrível e fiquei super impressionada por alguém poder fazer o que quisesse daquele jeito, sem que ninguém lhe impedisse, nem ela mesma. =]
 
Lembro disso toda vez que desço para tomar banho de chuva e fico muito feliz em ver que, pelo menos por alguns minutos, ninguém pode me impedir de fazer o que quero, nem eu mesma.